Mais uma vez, nós podemos tomar esta frase que foi dita por ANAEL,
através de Air, “vocês não têm necessidade de ocupar-se com o seu
corpo, ele o faz perfeitamente sozinho.” Isso quer dizer o quê? Isso
não significa não mais comer, isso não significa não mais ocupar-se com o seu
corpo. Nesse caso, vocês não tomam mais banho! Vocês não cortam mais o cabelo
nem as unhas! Esse não é o espírito desta frase. O espírito desta frase é
fazê-los ver, fazê-los compreender que, quando vocês deixam este corpo
tranquilo (quando, é claro, vocês o alimentam quando ele tem fome, mas quando
vocês não interferem com o conteúdo da sua personalidade, com o conteúdo da sua
história), bem, o corpo apenas pode se apresentar cada vez melhor.
Cabe a vocês verificá-lo. Cabe a vocês encontrar, através da sua própria
Consciência, o que significa esta frase, “vocês não têm necessidade de
ocupar-se com o seu corpo”, porque isso pode ser mal interpretado, porque
alguém que esteja na personalidade vai dizer que isso significa que não é
preciso se cuidar. Quando dizemos que ele o faz perfeitamente sozinho, sim, a
partir do momento em que a sua consciência não for mais aquela do corpo, a
partir do momento em que a sua consciência estiver instalada no Si (mesmo por
experiência, mesmo se isso não estiver instalado definitivamente). Quando vocês
levantam o véu e constatam que vocês não são mais este corpo, mas que vocês estão
neste corpo, o que vocês constatam é que a Inteligência da Luz, a Inteligência
do Si, que é o Todo e além disso, é que se ocupa perfeitamente deste corpo.
Mas, é claro, se este corpo tem fome, vocês lhe dão de comer, se o corpo está
sujo, cabe a vocês lavá-lo. Uma vez mais, aí também, não tomem o que é dito ao
pé da letra, com o olhar da personalidade, com o olhar daquele que é limitado.
A mudança do ponto de vista refere-se também a esta frase. No que ANAEL disse,
conhecendo muito bem a maneira de se expressar de ANAEL, “vocês não têm
necessidade de ocupar-se com o seu corpo, ele o faz perfeitamente sozinho”,
isso é perfeitamente verdadeiro, ou seja, ele os engaja a mudar de ponto de
vista. Enquanto vocês acreditarem que vocês são um corpo, limitado a esta vida,
vocês apenas irão viver isso!
Portanto, não é questão de mudar de crença, mas, realmente, de ver onde
se situam ao mesmo tempo a sua confiança na Luz, ao mesmo tempo a sua confiança
no que vocês são na Eternidade, e qual crédito vocês dão ao que vocês vivem.
Mas, eu posso assegurar-lhes que chega um momento em que, seja o que for que
chegar a este corpo (e os exemplos são inumeráveis, ilustres ou menos ilustres,
eu tomarei dois exemplos, simplesmente. Marthe Robin, que passou a sua vida em
sofrimento e que se nutria de uma hóstia por semana, ou ainda Marie Julie
Jahenny, a estigmatizada de Blain; ou ainda Nisargadatta que morreu, eu os
lembro, de um câncer da garganta, muito antigo, mas, quando lhe perguntavam por
que ele não se tratava, ele dizia: “Mas deixem este corpo tranquilo! Deixem-no
viver o que ele tem que viver!”, o que não significa que não haja sofrimento),
quando estamos no Si, quando estamos no Parabrahman, o que quer que chegue a
este corpo, não podemos mais ser afetados. Seja um câncer, seja um braço
quebrado, obviamente o sofrimento é experimentado, mas ele não afeta o que nós
Somos. É nesse sentido que é preciso, eu creio, compreender, de algum modo, o
que disse ANAEL, através do Air. “Entrar na Dança”, sim, porque a
Eternidade é uma Dança, o Silêncio é uma Dança.
É a Dança da Onda da Vida, é a Dança da Vida. É a Criação no seu aspecto
mais móvel e que, paradoxalmente, apenas se encontra aqui, neste mundo, na
Imobilidade e na mudança de ponto de vista da Consciência. Ou seja, não a
imobilidade de ficar quieto em uma cadeira, não a imobilidade de não se ocupar
com o seu corpo, mas de fazer participar este corpo, de algum modo, mas não
mais do ponto de vista da personalidade, mas instalado do ponto de vista do Si
ou do Absoluto. Naquele momento, vocês terão a surpresa de constatar que a
fisiologia deste corpo, a psicologia deste corpo, e desta consciência em meio à
personalidade, não são mais alteradas pelo sentido da história pessoal, pelas
mágoas, pelos sofrimentos, sejam quais forem, passados ou presentes.
A verdadeira Liberação está aí!
Quando vocês estão, quando vocês se mantêm nesse olhar, que não é mais
aquele do jogo (e compreendam bem, “olhar”; isso é uma deslocalização da
Consciência), quando vocês não estão mais limitados a esse jogo, quando vocês
não estão mais confinados no Si (porque o Si, como dizia Maharshi, é também um
confinamento, mesmo sendo preciso encontrá-lo, mesmo se, hoje, alguns Irmãos e
Irmãs passam diretamente do “eu” ao Absoluto), ou mesmo no jogo da consciência,
ou mesmo na interação da consciência e não ali ficar submisso, colocando-se em
outro ponto de vista, que é aquele do Si, permite rapidamente dar-se conta do
que é Verdade, do que é Eterno, e do que é ilusório. Não como um sistema de
crença, não como um sistema de adesão a uma canalização ou a um iniciado que
iria falar, porque não há iniciados (a iniciação é uma trapaça deste mundo,
como diria BIDI; não há qualquer iniciação porque há a Verdade ou a ilusão).
Fora disso, todo o resto são apenas substratos, estratégias, digamos,
iniciativas inventadas por nós mesmos ou inventadas por outras forças que nada
têm a ver com a Espontaneidade da Luz, com a Espontaneidade do Si e do
Absoluto.
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