domingo, 27 de outubro de 2013

Esqueça-se de si mesmo

A Onda da Vida está presente em mim desde o começo.......... Eu vivo, desde então, períodos de várias horas, por vezes tardes inteiras, onde as Vibrações são intensas, às vezes dolorosas, a Coroa Radiante da cabeça me comprime como um torno, e tudo é por vezes intercalado entre maravilhosos Êxtases. Eu não posso me mover no momento, estando como em “estase”. O retorno ao que chamamos de realidade é, por outro lado, bastante difícil, e eu tenho um tamanho cansaço desta encarnação ..........  !!!
O que eu devo fazer para abandonar o Si? Eu sei que eu sou Absoluta, é a única coisa que tem feito sentido para mim, mas eu ainda não o vivo, isso não se manifestou para mim. Maria especificou que tudo ia passar entre maio e outubro, o que isso significa?
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Bem, a sua pergunta, junta-se exatamente ao articulado nas perguntas anteriores. Vocês têm, como diria BIDI, um saco de comida, se vocês preferirem uma denominação melhor, vocês têm o Templo corporal que vive mecanismos Vibratórios muito intensos, vocês vivem, vocês mesmos, momentos de Êxtase que lhes parecem maravilhosos, e o problema, como você mesma diz, é voltar à realidade. Por quê?  Porque você fala de cansaço, enquanto você estiver cansada desta encarnação, enquanto você não tiver aquiescido, na totalidade, a esta encarnação, você não poderá se estabelecer no que você é realmente, porque, ainda uma vez, o cansaço reflete, ou uma renúncia, ou, em todo caso, mesmo sendo uma renúncia, uma forma de resistência. Você não deve, e nós não devemos, resistir à vida sobre este mundo. Isso é, em princípio, um paradoxo, ou seja, nós nos propomos a viver a Última Presença, o Si, o Despertar, a Liberação, mas, se a um dado momento, no momento desta busca que não é uma, houver em você a necessidade de se evadir, um cansaço, você dá oportunidade à tomada do ego nesse elemento. Isso significa que você vai continuar a viver as Vibrações, você vai continuar a viver os Êxtases, perfeitamente reais e autênticos, momentos de intensa Beatitude, mas, como você mesma diz, você volta à realidade. O objetivo, a finalidade não é viver isso durante o sono ou na meditação, mas é vivê-lo durante as vinte e quatro horas. Como você pode viver, durante as vinte e quatro horas, a saída do tempo enquanto houver esta ideia de cansaço, enquanto houver esta ideia de querer acabar, seja com o que for, afinal? Não! Isso não é acabar com a personalidade, com o complexo inferior, isso não é deixá-lo comandar, não é mais ele que dirige, mas é a Graça que vocês são. Então, enquanto você tiver este percebimento de voltar à realidade, isso é um pouquinho, se você quiser, como as pessoas que fazem uma experiência de saída do corpo sem ir até a Luz e que retornam neste corpo.
  
E eu garanto a você que quando retornamos neste corpo sem ter estado no fim do fim, ou seja, no que há além da Luz, que chamamos de Ain Soph Ohr ou de Absoluto, se vocês quiserem, o que está além d’A FONTE, sempre haverá esta sensação de cansaço, sempre haverá esta sensação de ir e vir, que pode ser efetivamente detestável de viver, porque a personalidade não compreende por que existem momentos de Êxtase, por que existem momentos de dificuldades, por que existem momentos de alegria e por que existem momentos de sofrimento, então, isso não está estabilizado, são as experiências, são os estados, mas lembrem-se de que o Absoluto não é um estado. Então, para isso, é preciso, no nível da própria personalidade ou nesses momentos de pré-estase, digamos, remover qualquer negação do ilusório, o ilusório deve ser visto pelo ilusório, isso não significa eliminá-lo. O mental é útil para vocês, para cozinhar, para dormir, para fazer amor, para escrever. Mas o mental, a formulação dos pensamentos, não deve ser o seu mestre. Vocês sabem que, quando vocês vivem esses momentos de Êxtase, não há mais pensamento, não há mais emoção e, às vezes, até mesmo não há mais ninguém. Mas quando vocês retornam, a pessoa volta e, se nesta pessoa vocês tentarem reviver o que acaba de passar, nesse retorno, vocês mesmos irão criar uma resistência, sem vê-la. Então, não mais resistir, isso significa nada mais lastimar, é aceitar as condições deste mundo, da sua vida, da sua saúde, da sua doença, mas não é estar identificado com isso.

Então, é claro, para o ego, a palavra desidentificação dá medo, é normal que dê medo, mas no seu caso, não há, no caso que você menciona, o seu, é simplesmente esta sensação de ir e de voltar que prolonga esse cansaço, porque, quando vocês provaram o paraíso, o Êxtase, quando vocês vivenciaram um Samadhi, uma estase, quando vocês vivenciaram uma Beatitude completa, jamais lhes foi pedido para permanecer na Beatitude durante as vinte e quatro horas. Se esse fosse o caso, porque esse foi o caso para alguns seres como Ma Ananda Moyi que ficava durante anos nesse Maha Samadhi, vocês não iriam se preocupar em sabê-lo ou em procurá-lo, isso iria se instalar naturalmente. Então, se você volta, como você diz, à realidade, significa que ainda há uma pequena distância entre a realidade e a Verdade. Cabe a você deixar manifestar, expor, transmutar esta lagarta, este corpo, pela energia da crisálida e da borboleta, a fim de, apesar de tudo, e principalmente apesar de tudo, viver na realidade comum, não mais o cansaço, mas a Alegria. Você se nutre, e todos nós nos nutrimos desses estados de estase, de Paz, da Onda da Vida, do Canal Mariano, da Presença de MARIA, da Comunhão com um Irmão ou uma Irmã em encarnação, mas tenha cuidado para que este alimento não se torne um vício, porque não é questão de tornar um vício como uma droga, mas, sim, de tornar-se isso, e não há melhor terreno para atuar senão a realidade. Viver o Êxtase, viver o Samadhi, viver a Paz, viver a Alegria pode muito bem ocorrer cozinhando, guiando um veículo, tendo preocupações, tendo problemas, porque, naquele momento, como o basculamento aconteceu completamente, não há mais passagem de um estado a outro, há integração, há Transcendência real, há estabelecimento em meio à nossa Natureza eterna. A personalidade sempre está aí, ela assume, por vezes, a dianteira, mas vocês jamais são vítima disso, ou seja, não há mais essa sensação de iôiô, não há mais essa sensação de ir e vir entre a personalidade, o Absoluto, a Última Presença, o Si, o sonho, o sono, há uma única e exclusiva Verdade que engloba a realidade ilusória deste mundo, e aí, naquele momento, vocês estão, real e concretamente, no que vocês São de toda Eternidade.
  
Então, efetivamente, podemos imaginar que a repetição das experiências, dos basculamentos de estado a estado, vai favorecer o seu estabelecimento na Verdade e no Absoluto que vocês São, que nós Somos. Não há nada mais falso porque, por passar de um estado a outro, poderíamos acreditar que, na maioria das pessoas, haveria um alargamento desta via de passagem, que haveria uma facilitação, mas a experiência é totalmente outra. Para muitas pessoas, e eu não tenho estatística, nem nomes, mas é preciso estar consciente disso, o fato de passar de um a outro, ou seja, da personalidade ao Absoluto, na mesma realidade de vida de todos os dias, não é certamente a melhor maneira de ir para a simplicidade, porque essa passagem, em si mesma, não somente não expande o caminho, já que não existe caminho, mas vai, muitas vezes (não sempre) fortalecer as suas próprias resistências. Então, chegamos a uma espécie de paradoxo onde há nesta pergunta, como em outras perguntas, pessoas descrevendo mecanismos Vibratórios intensos, momentos de estase reais, momentos de passagem na Infinita Presença, contatos maravilhosos com outras realidades dimensionais, e a dificuldade de permanecer em meio a esta realidade.
  
Novamente, isso não é um paradoxo, simplesmente, nesse caso, há algo que não foi visto, que não foi fusionado, que não foi dissolvido por essas idas e vindas. Então, aí, esqueça-se de si mesma, como gritava BIDI, como Nisargadatta fez durante a sua vida, fazendo as pessoas saírem da sala, perguntando o que elas estavam fazendo ali, Omraam Mikaël Aïvanhov dizendo em algumas intervenções: “ocupem-se das suas nádegas”, não há qualquer agressão nisso, exceto para a personalidade, mas isso apenas faz remeter ao estado permanente. Quando eu leio em alguns fóruns, em alguns e-mails que as pessoas enviam de uma para outra, e que essa passagem nem sempre é bem vivenciada porque justamente entramos nesse quadro de representações, ou seja, por querer estar em um, depois no outro, e isso ocorre, algumas vezes, espontaneamente, ficamos habituados com esta dicotomia, com esta tricotomia, ou seja, temos a impressão de ser, ou um, ou outro, ou ainda um outro. Mas não! Há apenas uma realidade, é a única Verdade e ela engloba tudo, ou seja, não há um momento de ‘eu sou o Absoluto’, um momento de ‘eu sou o Si’, para um momento de ‘eu sou a personalidade’. Se você permanecer nesta dinâmica, você não está nem no silêncio, nem na dança, nem na evidência, mas você permanece, aqui e ali, em alguma forma de dualidade.
  
Então, é claro, isso não é desagradável em si já que, a partir do momento em que você vive, mesmo por intermitência, esses processos de consciência e esses processos Vibratórios, você é liberada e você mesma diz ‘eu sei que eu sou Absoluto’, sim, todos nós somos Absolutos. Simplesmente você se coloca em uma situação de desconforto por essas idas e vindas incessantes. Há um dado momento em que você compreende que não são idas e vindas, simplesmente é um ponto de vista que muda, e quando o ponto de vista muda, eu não vou me colocar, por exemplo, em estase guiando um carro. Eu tive uma experiência infeliz, em 2008 ou 2009, de conversar com o meu Anjo Guardião ao volante, eu acabei de cabeça para baixo em um rio, quase me afogando. Então, há momentos para guiar, há momentos para estar em estase, mas você pode ser, a qualquer momento, os três ou os quatro, ao mesmo tempo, jamais foi dito que vocês eram ou Absoluto, ou a personalidade, ou o eu, vocês são tudo isso ao mesmo tempo. É isso que é preciso viver, é isso que é preciso apreender, não há qualquer diferença, não há qualquer diferença de consciência quando se está realmente estabelecido no fato de guiar um carro, de ir dançar na discoteca, de fazer amor ou de meditar com a Onda da Vida, é exatamente a mesma coisa.
  
Então, compreenda bem que através da sua pergunta, você é Absoluto, mas se você descreve esta ideia de retorno, significa que você foi a algum lugar, mas não é questão de ir a algum lugar, é questão de permanecer Aqui e Agora. Esse vai e vem da consciência, esse deslocamento aparente da consciência, ele não existe, isso é uma integração de todos os aspectos da consciência que foi desenvolvido, eu creio, por Maharshi (Um Amigo), que é a consciência da vigília, a consciência do sono, a consciência do despertar, a consciência Turiya e o Absoluto, tudo isso na mesma verdade, no mesmo espaço, no mesmo tempo, que está além de todo o tempo e de todo o espaço. A vida neste mundo, a vida nesta prisão, não permite sair da prisão, exceto compreender que não há prisão e estar ao mesmo tempo nesta prisão, ao mesmo tempo no aperfeiçoamento desta prisão, mas, isso, ao mesmo tempo que vocês são todo o resto. Isso significa que enquanto vocês fizerem uma distinção e que vocês viverem uma distinção entre o Absoluto, a personalidade, o Si, a Última Presença, tudo o que eu posso dizer é que vocês estão efetivamente liberados no propósito, mas ser Liberado Vivente, isso não é ser enganado por algum estado, por quaisquer manifestações Vibratórias ou da própria consciência, permaneçam e fiquem imóveis, sejam quais forem os eventos da consciência, sejam quais forem os acontecimentos da sua vida, dos mais felizes aos mais detestáveis e desagradáveis.


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